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Ovos de Fabergé

PRESENTES DE MILHÕES

Mundialmente famosos, os engenhosos e ricamente decorados ovos de páscoa imperiais confeccionados pela joalheria russa Fabergé contam mais histórias do que é possível compreender em um pequeno momento de contemplação.

Ovo Tsarevich (1912), Fabergé / Imagem: Viator

Estudos detalhados sobre as técnicas de produção e o período em que cada ovo foi produzido dizem muito sobre o contexto político e industrial da Rússia do final do séc. XIX e início do séc XX.

Navegar pela história dessas obras-primas, que nem sempre foram reconhecidas dessa maneira, é uma verdadeira viagem no tempo.

Por isso você está convidado a embarcar nessa série de artigos que escreverei sobre os principais ovos produzidos pela joalheria Fabergé para os dois últimos Czares Russos e suas respectivas esposas.

Te convido a embarcar em uma jornada para conhecer boa parte da história dessa empresa revolucionária, tanto em termos de produção quanto em criatividade.

A ORIGEM DOS FABERGÉ

Carl Fabergé foi quem produziu o primeiro ovo imperial para que Alexandre Romanov (Alexandre III) presenteasse sua esposa, Maria Feodoronova na pascoa de 1885, mas é possível afirmar que sua família se preparou para esse momento durante algumas gerações.

Além de Carl, seu pai Gustav Fabergé também era joalheiro.

Gustav e Sharlotta Fabergé

Segundo estudiosos, provavelmente alguns de seus antecessores também o foram, já que os sobrenomes anteriores à eles eram Favry, Fabri e Fabrier. Todos derivados da palavra latina faber, que significa ferreiro ou feitor.

No séc XVIII os ancestrais de Carl precisaram fugir da perseguição religiosa francesa aos protestantes e se mudaram para a Parnü, atual Estônia.

Lá, Peter Favry obteve a cidadania russa, o que os livrou de mais intolerância religiosa, e seu filho Gustav nasceu em 1814. Já em 1820 o sobrenome de Gustav era Faberge. Ao que parece, o acento foi acrescentado em 1842.

Aparentemente, a tentativa de "afrancesar" o nome já denuncia uma tentativa de emergência social, já que a aristocracia russa desse período ainda falava francês e tinha Paris como referência de cultura, arte e moda. Nesse caso, enfatizar a sua origem francesa não faria mal algum.

Já em São Petersburgo, Gustav treinou com os joalheiros mais eminentes da Rússia, inclusive na I. V. Keibel, firma que poucos anos antes remodelou as joias da coroa para Nicolau I.

Em 1841 Gustav inaugurou sua própria loja, em um porão, porém localizado em uma das ruas mais sofisticadas da época, a Bolshaya Morskaya.

CARL FABERGÉ

Em 05 de maio de 1846 nasce Carl Gustavovitch Fabergé, filho de Gustav que desde cedo aprendeu o ofício com o seu pai e também foi preparado nas escolas mais conceituadas da época. Algumas com forte inclinação em negócios e administração.

Carl Fabergé

O destino de Carl parece ter sido cuidadosamente planejado por seu pai.

Após passar alguns anos no exterior, se preparando com excelentes mestres joalheiros na França, na Itália e na Alemanha, em 1864, aos 18 anos, Carl volta a São Petersburgo para trabalhar na firma de seu pai.

Ao que tudo indica, Carl gostava de beber na fonte de grandes joalheiros que o antecederam.

Hermitage Museum

Prova disso é que ele se voluntariou em 1867 para um emprego não remunerado no museu Hermitage, com um enorme acervo de joias acumulados pelas gerações anteriores de tsares e que ficavam em exposição permanente. Lá, sua função era catalogar, restaurar e avaliar joias recém descobertas em investigações arqueológicas.

Em 1872, aos 28 anos, Carl se casou com sua prima, Augusta Jacobs e a partir de 1874 nasceram seus filhos: Eugène, Agathon, Alexander, Nicolau - que faleceu aos 2 anos de idade - e outro Nicolau, o caçula.

Augusta Jacobs Fabergé

Os tempos na Europa e no Hermitage inspiraram Carl, que agora desejava elevar o design e o artesanato a algo além de "meros materiais".

Em 1881 ele consegue o reconhecimento de seus colegas de ofício e recebe o título de "Comerciante de Segunda Guilda", o que lhe garantiu credibilidade como comerciante ou revendedor, não mais como artesão. 

Isso lhe permitia usar seu próprio selo de qualidade para atestar conteúdos de metais preciosos sem ter que submetê-los à testagem oficial.

Em 1882 Fabergé finalmente consegue a atenção da família real ao exibir alguns de seus trabalhos em uma exposição de artefatos russos.

Inspirado pelas peças gregas que restaurou para o museu Hermitage, Fabergé surpreendeu ao aplicar conceitos de design modernos em estilos clássicos e bem fundamentados em uma coleção de joias e objetos que criou especialmente para a exposição.

Nesse mesmo evento, o tsar adquiriu um par de abotoaduras em formato de cigarra. Assim, se iniciava uma nova etapa na fábrica da família Fabergé.

Apesar do início tímido, ficando em último lugar em termos de gastos anuais da família real em comparação a outros quatro joalheiros oficiais do tsar, já em 1885 a relação de Fabergé com a família real e a história da joalheria estariam prestes a mudar.

OS OVOS IMPERIAIS DE FABERGÉ

Na Rússia do séc XIX a tradição religiosa mais importante era a troca de ovos decorados que deveria ocorrer no domingo de Páscoa.

Ovo de porcelana russo do período de Alexandre I / 1801 a 1825

Após cumprir rigorosamente a Quaresma, com jejum de carne, leite, manteiga e ovos, a data era celebrada na manhã de domingo com toda a família reunida.

Também fazia parte da tradição a entusiasmada saudação "Cristo vive!" seguida da resposta "Ele é vivo de fato!".

Uma sequencia de três beijos também fazia parte do ritual.

Em anos anteriores a 1885 a tsarina Maria já havia sido presenteada com ovos cravejados com pedras preciosas, mas agora a vez de Carl Fabergé havia finalmente chegado e ele soube como ninguém aproveitar a oportunidade pela qual se preparou a vida inteira.

Quer saber o restante dessa história?

Basta clicar no link do item 2 da lista abaixo.

FABERGÉ POR CARLA DESTRI

1. Breve história sobre Carl Fabergé

2. 1885: Ovo Galinha

3. 1886: Ovo Galinha de diamantes

PALAVRA DA DIRETORA

FABERGÉ POR CARLA DESTRI

1. Breve história sobre Carl Fabergé

2. 1885: Ovo Galinha

3. 1886: Ovo Galinha de Diamantes

4. 1887: O Terceiro Ovo Imperial

BIBLIOGRAFIA

Todas as informações históricas desse texto foram retiradas do livro "Ovos de Fabergé - A história das obra-primas que sobreviveram ao fim de um império", de Toby Faber.

Para adquirir o livro, basta clicar na imagem.

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